A PESADA CONTA DA GREVE
Direitos e Deveres

A PESADA CONTA DA GREVE



Vivian Oswald
O Globo      -      20/08/2012




Cofres Públicos gastaram R$ 1,2 bi em 513 dias de paralisação de servidores desde 2005

 BRASÍLIA - Elite do funcionalismo público, os auditores fiscais da Receita Federal, os fiscais agropecuários, os fiscais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e os agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal custaram aos cofres públicos pelo menos R$ 1,18 bilhão durante os 513 dias de greve que realizaram desde 2005. No caso da Receita Federal, por exemplo, só desta vez,já são mais de dois meses de braços cruzados. O cálculo dos prejuízos considera a média dos salários pagos, a preços de hoje, aos cerca de 60% dos servidores dessas categorias que teriam aderido às paralisações e operações-padrão nestes últimos anos.

O número não inclui o impacto dessas paralisações sobre os setores produtivos da economia. Somente o comércio exterior perdeu dois anos em oito com essas greves, segundo dados da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), publicados pelo GLOBO na quarta-feira.

Governo quer acordo, mas sindicato é contra

O levantamento mostra que o maior impacto foi causado pelas mobilizações dos auditores da Receita Federal, que pararam por 262 dias desde 2005. O total em salários pagos durante as greves foi de R$ 1,016 bilhão. No caso dos fiscais agropecuários, em 117 dias parados, o valor foi de R$ 98,43 milhões. Os servidores da Anvisa ficam em terceiro lugar, com R$ 42,73 milhões, e os agentes, escrivães e papiloscopistas em quarto, com R$ 21,12 milhões.

Esta semana será decisiva para a negociação do governo com essas carreiras. O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, quer fechar os acordos a tempo de incluí-los na proposta orçamentária que será enviada ao Congresso em 31 de agosto. Hoje, ele participará de reuniões com representantes da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) e de institutos como Incra e Inmetro, além dos trabalhadores das áreas de Ciência e Tecnologia.

Até agora, o governo ofereceu uma proposta de reajuste de 15,8%, parcelado em três anos, para mais de 680 mil trabalhadores de 37 setores do Executivo. Descontentes, os sindicalistas alegam que o índice não repõe a inflação acumulada nos últimos anos e planejam mais uma semana de mobilização. Proibidos pela Justiça de realizar operações-padrão, com lentidão nas fiscalizações em todo o Brasil,os policiais federais avisaram que vão realizar uma "operação sem padrão" hoje, podendo deixar pessoas e mercadorias passarem sem vistoria.

A Condsef, que representa a maioria dos servidores do Executivo, convocou os trabalhadores para um Dia Nacional de Luta amanhã.

- A orientação é para que a greve seja mantida. Temos a expectativa de negociar com o governo e enviar, esta semana, uma proposta melhor para as assembleias - disse Josemilton Costa, secretário-geral da confederação.

Dados do Ministério do Planejamento mostram ainda que, com os reajustes concedidos aos servidores no governo Lula, a despesa anual com salários de funcionários ativos e inativos dos Três Poderes saltou 96,91% desde 2005, de R$ 100,28 bilhões para R$ 197,48 bilhões. No mesmo período, o total de servidores ativos e aposentados aumentou 6,6%.

Professores pararam por quase mil dias

Segundo o economista da Consultoria Tendências, Felipe Salto, os servidores tendem a por todas as demandas "em um mesmo balaio":

- Os reajustes são legítimos mas, na ausência de alguma regra que dê racionalidade ao processo, o Executivo fica refém dessas demandas. O resultado primário do ano que vem já vai ficar em 2,6% do PIB, abaixo da meta de 3,1%. Isso não inclui desoneração de energia, que deve ser significativa, nem reajustes do funcionalismo.

Mobilizados há três meses, os professores das universidades federais estão chegando a mil dias de greve em 32 anos, ainda resistem à proposta de 25% a 40% de aumento até 2015, com impacto de R$ 4,2 bilhões no Orçamento. Segundo o Ministério da Educação, oito universidades federais decidiram encerrar o movimento. Apenas um dos três sindicatos da categoria fechou acordo com o governo.





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