Correio Braziliense - 20/01/2012
O governo tem pressa para aprovar o fundo de pensão dos servidores e assim evitar que os novos funcionários ? aqueles que vão tentar passar num concurso este ano e ingressar numa das várias carreiras do setor público ? engrossem, num futuro próximo, a lista dos aposentados e pensionistas que são pagos com dinheiro público. As contribuições arrecadadas não são suficientes para cobrir a conta e o deficit sobe 10% a cada ano. Em 2010, o Tesouro Nacional precisou colocar R$ 51 bilhões e, no ano passado, R$ 56 bilhões, estando previsto para este ano um rombo superior a R$ 60 bilhões.
O secretário de Previdência Complementar, Jaime Mariz, está convencido de que o país não tem condições de sustentar essa situação ao longo do tempo. "É o equivalente a um orçamento anual do Ministério da Educação", observou.
Mariz explicou que a despesa cresce nos primeiros 15 anos porque o Tesouro, além de continuar bancando a conta hoje existente, passará a contribuir para o fundo de pensão como empregador. Economia significativa começará a acontecer dentro de 30 ou mais anos, quando chegar a vez de os novos funcionários solicitarem a aposentadoria. Neste ponto o governo estima que começará a economizar R$ 26 bilhões a cada ano, metade do orçamento do Ministério da Educação. (VC)
Diferença
O rombo crescente não consegue mais esconder uma realidade perversa. O governo gasta muito com pouca gente. Os aposentados e pensionistas do setor público federal não chegam a 960 mil, mas os valores individuais dos benefícios ultrapassam R$ 5 mil. Já no Instituto Nacional do Seguro Social, que paga as aposentadorias e pensões dos trabalhadores da iniciativa privada, embora o teto do salário de benefício possa chegar a R$ 3,9 mil, cada um dos 25,2 milhões de segurados ganha, em média, R$ 850,00. A diferença é enorme.