Funcionários ainda em greve
Direitos e Deveres

Funcionários ainda em greve



Autor(es): Da Redação
Jornal de Brasília - 12/05/2010

Professores retornam ao trabalho, mas alunos estão sem serviços no prédio

Cerca de três mil funcionários da Universidade de Brasília (UnB) devem continuar de braços cruzados, pelo menos, até amanhã. A decisão foi tomada ontem
em assembleia geral, que reuniu cerca de 500 servidores. Até lá, os trabalhadores esperam ter uma resposta do pedido de liminar que iria ser encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Com os servidores em greve, os estudantes, que retornaram às aulas ontem, após o fim da paralisação dos professores, continuam sem acesso aos serviços da Biblioteca Central e do Restaurante Universitário.

Uma nova assembleia está marcada para amanhã, às 9h, na Praça Chico Mendes. A intenção é protocolar a liminar do STF e sensibilizar o judiciário a favor dos funcionários da UnB. "Queremos os mesmos direitos que os professores tiveram. Não vamos desistir. Não vamos voltar para casa de cabeça baixa", adiantou o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), Antônio Guedes. Os docentes da Universidade conseguiram garantir o recebimento dos salários, com a Unidade de Referência dos Pecos (URP), até que o Supremo tome uma decisão sobre o assunto. Na mesma data, a decisão sobre a continuidade ou não da paralisação deve sair.

Até agora, as tentativas de flexibilizar o governo Federal para a continuidade do pagamento da URP aos servidores técnico-administrativos da UnB não surtiram resultado. A liminar é a última esperança dos servidores. Segundo o advogado do Sintfub, Valmir Floriano, ainda há chances de conseguir reverter a situação. "Nós temos que ter calma e pensar racionalmente. Não adianta gritar. Vamos prestar atenção no que estamos fazendo para não termos dúvidas", ressaltou.

Muito vaiado, o servidor Benedito de Almeida defendeu o fim da paralisação. Segundo ele, a luta, agora, deve ser jurídica. "Questão com a Justiça é perder ou ganhar. Se os companheiros acham que podemos encarar o STF, nós vamos em frente. Eu, particularmente, acredito que trabalho jurídico é diferente de
movimento político", declarou. Ele foi o único que votou pelo fim da greve e, quando saiu a decisão de continuar a paralisação, quase iniciou uma briga.

ILEGALIDADE
Até a tarde de ontem, a Advocacia-Geral da União (AGU) ainda não havia pedido a ilegalidade da greve. O órgão, que ameaçou declarar a paralisação ilegal, informou que vai analisar os fatos para, então, pedir ou não o ajuizamento da Ação. Entretanto, antes da decisão dos funcionários de continuar a greve, o procurador- geral da Advocacia, Antônio Basso, havia alertado que só negocia com relação ao ressarcimento da URP que já foi paga.

Para a AGU, já existe uma indicação da posição do judiciário com relação ao mérito, na decisão tomada pelo Tribunal Regional Federal (TRF) no dia 26 de maio.

SAIBA +
Criticado pela lentidão na solução do problema, Valmir disse que deve ter uma resposta do STF nas próximas 48h. "A petição inicial já está pronta e inclui os servidores que não estavam na ação do TRF (que diz respeito a 204 servidores). Vamos alegar que a natureza da causa é a mesma e que, assim como os docentes, também temos o respaldo do Superior Tribunal de Justiça", defendeu.



Reivindicação permanece

Em uma decisão anterior, o Tribunal Regional Federal (TRF) determinou que 204 servidores não só deixassem de receber a URP como devolvessem parte do dinheiro recebido. Com isso, os mais de dois mil servidores restantes já estão sem o pagamento da parcela, que representa 26,05% dos salários.

O servidor Cosmo Balbino disse que os professores estavam pressionando os funcionários na segunda- feira. "Em tom de ameaça, me falaram para não fazermos qualquer tipo de reivindicação hoje. Eles (os professores) abandonaram a luta porque viram que iam perder o que haviam conquistado", afirmou. O presidente da Associação dos Docentes da Universidade (ADUnB), Flávio Botelho, viu a declaração e retrucou: "A decisão dos docentes de sair da greve não significa a quebra de apoio aos servidores."

O coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Raul Cardoso, também criticou a decisão tomada pelos professores. "Os docentes votaram de maneira individualista. O fim da greve vai acontecer quando os dois movimentos (servidores e alunos) entrarem em um consenso", ressaltou o aluno. Ele propôs ainda uma Assembleia em conjunto com a Sintfub.

Apesar da opinião do DCE, ontem as salas de aula da UnB estavam lotadas. "Estou feliz e preocupada com a volta das aulas. Meu medo é que os professores atropelem alguns conteúdos. Isso pode prejudicar o meu desempenho", disse a estudante de Letras, Suelen Azevedo. Agora, a expectativa da reitoria da Universidade é de que o novo calendário acadêmico seja estruturado até amanhã pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe).

Para o professor de Contabilidade Geral da UnB, os alunos voltaram às aulas desmotivados. "Muitos estudantes estão perdidos. É óbvio que essa greve vai atrapalhar o desempenho deles. Nossa função, como docentes, é tentar motivá-los e fazê-los, de fato, aprender", afirmou.





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