Correio Braziliense - 20/01/2012
A morte do secretário Duvanier Ferreira ocorre em plena campanha salarial de 2012, em um ano em que os servidores ameaçam o governo com uma greve geral. Enquanto o Planalto insiste que o Orçamento não comporta mais reajustes, como os que foram oferecidos ao longo do segundo mandato do presidente Lula, quando vários sindicatos obtiveram ganhos acima da inflação, o funcionalismo não se conformou em ficar de mãos vazias. Em meio ao fogo cruzado, Duvanier era considerado pelos dois lados como o homem ideal para comandar as negociações.
"É uma perda irreparável, tanto para a gestão pública quanto para o sindicalismo", lamentou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva. Antes de entrar para o Ministério do Planejamento, Duvanier foi dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (Sindsaúde-SP), diretor da CUT paulista e assessor da Secretaria-Geral da CUT nacional. No cargo de secretário de Formação da CUT-SP, fundou e coordenou a Escola Sindical de São Paulo. Foi também chefe de gabinete da Secretaria de Gestão Pública da Prefeitura de São Paulo e assessorou a presidência da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
Ele iniciou a carreira no governo em junho de 2007, a convite de Lula, e foi reconduzido ao cargo na gestão de Dilma. Era também membro do Conselho de Administração da Companhia Docas do Estado de São Paulo. "Apesar de compor o governo, ele tem uma história ao lado do movimento sindical. Antes de tudo, era um companheiro de luta", lamentou o secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Josemilton Costa.
Dedicação
Em nota, a presidente Dilma ressaltou que Duvanier teve uma trajetória política destacada. "Sua inteligência, dedicação e capacidade de trabalho farão muita falta à nossa administração", afirmou. Muito abalada, a ministra do Planejamento,Miriam Belchior, lembrou que "Duvanier simbolizava a política de recursos humanos do governo federal. Foi uma perda enorme". "Todos foram pegos de surpresa. Era uma pessoa de grande visão política e que dedicou a vida à defesa dos trabalhadores", acrescentou o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. O corpo foi velado ontem, no cemitério Campo da Esperança. No fim da tarde, foi transportado pela Força Aérea Brasileira a São Paulo, sua cidade natal, onde será enterrado hoje no Cemitério de Congonhas.
As negociações salariais entre governo e servidores devem sofrer uma breve interrupção. Mas a ameaça de greve permanece. Josemilton Costa admitiu que pode haver uma pausa até que um substituto seja escolhido e que esteja a par do andamento das discussões. o sindicalista alertou que a pauta de reivindicações permanece inalterada. "As negociações vão continuar", reforçou Artur Henrique, da CUT.