No Poder Executivo, a menor média de idade marca os setores que oferecem melhores remunerações e boas condições de crescimento profissional. Na carreira de gestor governamental, por exemplo, 81% dos concursados têm até 50 anosCorreio Braziliense - 19/10/2009
A distribuição percentual das carreiras da administração pública federal por grupos de idade mostra o quanto a adoção de uma política de recomposição de quadros vem transformando a máquina. A menor média de idade é marca registrada de alguns setores do Executivo. Invariavelmente, aqueles que oferecem as melhores remunerações e boas condições de crescimento profissional atraem os mais jovens. Resultado: a baixa idade média da mão de obra.
Na cobiçada carreira de gestor governamental, com salários na faixa de R$ 11 mil, 81% dos concursados têm até 50 anos. Percentuais semelhantes podem ser verificados na diplomacia, área jurídica, advocacia pública, Polícia Federal e agências reguladoras. Na era Lula, a oferta de vagas nesses segmentos explodiu, assim como os investimentos em estrutura física e formação técnica.
A atenção, no entanto, não é uniforme. Se muitos setores experimentaram o elixir da juventude, outros perderam a corrida contra o relógio. As carreiras de ciência e tecnologia demonstram isso: 45% têm mais de 51 anos de idade. No Ministério da Agricultura, para os servidores do Plano de Classificação de Cargos (PCC) e do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (PGPE), a marca é de 60%. As carreiras que integram Seguridade Social e Trabalho, Previdência e Saúde também apresentam altos índices de envelhecimento. (LP)
O número
60%
Índice de funcionários com mais de 51 anos nas carreiras com menores remunerações no Ministério da Agricultura
Análise da notícia
Concursos garantidos
O envelhecimento dos quadros de servidores do Poder Executivo e as inevitáveis aposentadorias vão manter o alto volume de vagas oferecidas em concursos públicos nos próximos anos. Pouco mais de 213 mil funcionários públicos têm 51 anos ou mais e, escalonadamente, deixarão o serviço federal.
Para que a máquina continue funcionando, precisarão ser repostos por meio de seleções. De 2003 para cá, o Ministério do Planejamento, que gerencia a área de recursos humanos do governo federal, permitiu o provimento de 160.934 vagas por meio de concursos públicos, mas só 57.102 foram efetivamente preenchidos.
Em alguns casos, como o do Ministério de Ciência e Tecnologia ou o do Banco Central, a investida pesada de contratação foi insuficiente e ameaça o bom funcionamento das instituições. E é exatamente isso que vai garantir que a administração federal mantenha as portas abertas a novos servidores públicos.
Na visão do presidente da Associação Nacional de Proteção e Apoio a Concursos Públicos (Anpac), Ernani Pimentel, os ?estoques de vagas? não vão reduzir de forma significativa tão cedo. ?Todas as esferas, em todos os poderes, vão precisar de servidores para ocupar as vacâncias naturais e de aposentadoria. Estima-se que há quase 300 mil cargos vagos disponíveis por ano em todo país?, comenta. O especialista em seleções públicas recomenda os aspirantes que esperem a disponibilidade para se preparar. (LN)