Tamanho do Estado em discussão
Direitos e Deveres

Tamanho do Estado em discussão


Política
Autor(es): Raymundo Costa
Valor Econômico - 07/07/2009

Como acredita que a sucessão de 2010 será "plebiscitária", o Palácio do Planalto desde já cava as trincheiras a fim de enfrentar um debate que supõe vir a ser o divisor de águas da próxima eleição: o tamanho do Estado brasileiro
Nos discursos e artigos comemorativos do 15º aniversário do Plano Real o governo foi elogiado por apostar na estabilização, mas em geral criticado por um "inchaço" da máquina pública. Uma tese como a qual, definitivamente, está em desacordo.
Na ótica do governo, Estado máximo ou Estado mínimo trata-se de algo que a população não compreende muito bem, mas que intui exatamente onde leva- mais Estado significa mais pessoas atendidas pelos serviços público. E é com base nesse axioma que o eleitor vai decidir em 2010.
O governo também se prepara para explicar o que estaria provocando o aumento do tamanho do Estado.
Segundo levantamento que ainda mantém em sigilo, esse "inchaço" ocorreu basicamente com a contratação de professores e de agentes da área de fiscalização - Polícia Federal, Advocacia Geral da União, Controladoria Geral da União e Receita Federal. Ou seja, Educação, segurança e combate à corrupção.
O argumento do governo é que não existe o Estado gastador propalado pela oposição. Existe um Estado que gasta com critério. Proporcionalmente, o Brasil perde feio para alguns países como a França (38,5 funcionários por grupo de mil habitantes), e é menor até com aqueles mais parecidos conosco, como o México (8,5 por grupo de mil habitantes).
Em 2000, sexto ano do governo tucano, a proporção brasileira era de 5,5 por grupo de mil; em 2006, já no mandato do presidente Lula, esse número era menor, de 5,3 - mas segundo o levantamento os números de 2000 já foram ultrapassados - o governo espera a hora política que julgar mais adequada para divulgar seus números.
Já os argumentos políticos estão na ponta da língua de qualquer petista: o Estado brasileiro, ao longo da gestão tucana, foi desmontado na sua capacidade de planejamento, fiscalização e na sua capacidade de gestão. Há quem reconheça, entre os petistas, que em algum momento do passado recente isso possa ter sido necessário. Mas quando surgiu a oportunidade de recompor (crescimento) e de melhorar as condições, o mais correto era aproveitar a ocasião em vez de perder tempo em briga com reitor ou professor de universidade.
Por último, mas não menos importante entre os argumentos listados no governo e no PT, está o de que essa foi a política que permitiu mais desenvolvimento e maior distribuição de renda, que teria funcionado não só como motor da economia, mas também ajudado o país nas horas mais difíceis dos meses de incertezas desencadeadas com a crise financeira mundial.
Resumo da ópera, literalmente, nas palavras de um petista: o plebiscito será entre quem defende um Estado maior para atender maior parcela da população, contra quem prega o Estado menor e deixar para a iniciativa privada a distribuição de renda.
Este é o cenário ideal petista, mas não necessariamente aquele que é real. Ideologicamente, os pré-candidatos tucanos parecem ter uma compreensão mais complexa da questão social do que Estado máximo e Estado mínimo. Até mesmo no que se refere à estabilidade há diferenças - e até mudanças - entre eles e também sobre o que diziam em 2002.
Além disso, para que se cumpra esse roteiro, é necessário que pelo menos um dos candidatos do pelotão intermediário das pesquisas desista de disputar. Ele seria Ciro Gomes (PSB-CE).
No raciocínio governista, a candidatura Ciro tende a se esvaziar porque não há espaço para o discurso "o governo é meio bom". Inclusive o discurso do PSDB será difícil de ser construído, porque os tucanos terão que dizer que o governo é ruim. Algo difícil, se o presidente é aprovado por cerca de 80% da população. E se for para dizer que o governo é " meio bom" , talvez seja melhor pedir o boné: a candidata de Lula já sairia com 50% de vantagem.
A aprovação do presidente pode levar a eleição à uma disputa plebiscitária, como preveem governistas e petistas. Se a base do governo racha - e base de governo racha quando o presidente é fraco, o que não é o caso, como se viu no episódio José Sarney - a eleição pode ser multifacetada, com as diversas forças se recompondo em diferentes alternativas.
Raymundo Costa é repórter especial de Política, em Brasília. Escreve às terças-feiras



loading...

- Governo Dá Transparência Ao Estado Brasileiro, Revela Estatística
Portal Vermelho     -     23/09/2014 Uma simples radiografia do serviço público federal, que demonstra como o setor cresceu e o que é gasto com ele, põe abaixo todos os estereótipos e inverdades acerca...

- Lula Deu Mais Cargos A Militantes Do Que Fhc
Luciana Nunes Leal O Estado de S. Paulo     -     28/12/2011 Estudo diz que, na gestão do petista, 40% dos comissionados com filiação eram do PT RIO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não só...

- A Falácia Do Aparelhamento E O Papel Do Estado
Blog do Noblat    -    23/09/2011 A recente divulgação pelo Ipea(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) do estudo ?Ocupação no setor público brasileiro: tendências recentes e questões em aberto? colocou em...

- Pt E Psdb Divergem Sobre 'meritocracia'
Autor(es): Malu Delgado - O Estado de S.PauloO Estado de S. Paulo - 11/05/2010 Tema recorrente no discurso dos ex-governadores tucanos José Serra e Aécio Neves e invocada como a marca de gestão do PSDB, a meritocracia entrou no vocabulário do PT,...

- Fhc Rebate Lula E Diz Que Estado Cresceu No Século 20
FHC rebate Lula e diz que Estado cresceu no século 20 Reuters RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) rebateu nesta quarta-feira a afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Fórum Econômico Mundial de...



Direitos e Deveres








.