Direitos e Deveres
A rebelião do funcionalismo
Carta Capital - 25/08/2012
Desde o começo do ano, mais de 180 reuniões foram realizadas entre o governo federal e representantes de ao menos 30 categorias do funcionalismo, segundo a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef).
Os servidores cobravam reestruturação de carreiras, reajustes salariais e melhores condições de trabalho, mas viram as negociações proteladas até agosto. Resultado: cerca de 250 mil funcionários, entre professores, policiais federais e rodoviários, auditores fiscais, empregados do Incra, da Funai, do Banco Central, das agências reguladoras, de portos e aeroportos, cruzaram os braços ou forçaram a lentidão dos serviços em operações-padrão.
Nas contas do governo, a greve mobilizou 11.495 funcionários, que tiveram os pontos cortados.
Os números evocam os grandes protestos dos tempos de Fernando Henrique Cardoso.
Com uma diferença: ?Antes fazíamos greve para conseguir negociar. Com o Lula, as mesas de negociação permanente foram criadas e as categorias tiveram reajustes acima da inflação. Agora temos de fazer greves para que os acordos sejam cumpridos?, explica Sérgio Ronaldo da Silva, diretor da Condsef. ?Estamos dialogando desde o ano passado.
Deliberamos que em 2012 tudo seria unificado e as reivindicações, padronizadas.? O governo cita os efeitos da crise mundial como limitadores dos reajustes.
Às vésperas do prazo-limite para o envio do Orçamento ao Congresso, o Palácio do Planalto apresentou uma proposta-padrão para as entidades, exceto ao setor de educação: reajuste de 15,8% nos salários, parcelado até 2015. A proposta foi rejeitada e o Executivo terá agora menos de uma semana para negociar com os servidores.
Para Vagner de Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a crise atual simboliza o esgotamento do modelo de negociação. Para ele, essas propostas devem ser apresentadas sempre no primeiro semestre, para dar tempo de negociar. ?Senão, o confronto é estimulado.?
Apesar da tensão, Freitas nega que a entidade, historicamente ligada ao PT, tenha se distanciado do atual governo. ?O projeto da CUT é mais próximo dos governos Lula e Dilma do que das administrações anteriores.?
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