Correio Braziliense - 13/01/2012
"Dilma é como Lula"
Planejamento contesta sindicalistas que dizem receber da gestão atual tratamento "pior" do que o conferido por Lula
O Ministério do Planejamento contesta a reclamação de sindicalistas do funcionalismo público de que vêm recebendo da presidente Dilma Roussseff um tratamento pior do que o conferido pelo seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva. Os diretores de sindicatos e associações procuram confrontar as generosas concessões salariais dadas na gestão anterior, sobretudo no segundo mandato de Lula, com a resistência de Dilma a dar reajustes, visando reequilibrar o Orçamento da União. Para o secretário de Recursos Humanos da pasta, Duvanier Paiva, essa avaliação está equivocada, "sobretudo porque o governo é de continuidade".
Ele não reconhece queda na qualidade da relação entre Executivo e funcionalismo, ressaltando que, "pelo contrário, os compromissos continuam os mesmos e os avanços continuam". Segundo Paiva, uma prova do esforço de aperfeiçoamento do diálogo com os servidores é a criação, este ano, de uma estrutura funcional dentro doMinistério do Planejamento voltada exclusivamente para os assuntos sindicais. "A futura Secretaria de Relações com o Trabalho é uma mudança em favor da ampliação das conversas", sublinhou.
Com esses argumentos, Paiva acredita que o pleito salarial de todos os servidores, que será apresentado oficialmente neste trimestre, precisa ser analisado separadamente até para se compreenderem melhor as conquistas "reconhecidas publicamente pelas próprias categorias". Ele destaca a agenda anual de encontros entre funcionários, sindicalistas e técnicos de governo para tratar de questões diversas relacionadas ao trabalho. "Este mês, por exemplo, deveremos dar um passo importante nos problemas de insalubridade", concluiu.
No cargo desde junho de 2007, o paulistano Duvanier Paiva, 51 anos, foi dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e professor em São Paulo. Ele foi o principal negociador de Lula nas discussões que levaram aos reajustes históricos para o funcionalismo. Sua missão no governo atual, contudo, é mais difícil. As duas principais entidades ligadas à educação federal, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior e o Fórum de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior, foram umas das poucas a não engrossar o coro de revolta dos servidores em 2011. A elas, o governo prometeu mudanças na carreira de professor e reajuste de 4%, abaixo da inflação.