Autor(es): Luciana Abade |
Jornal do Brasil - 17/09/2009 |
A Federação Nacional dos Trabalhadores em Correios (Fentect) levará hoje às assembléias da categoria nas 27 unidades da federação a proposta feita pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, no final da tarde de quarta-feira, para acabar com a greve iniciada quarta-feira. O movimento já recebeu a adesão de 33 dos 35 sindicatos regionais dos funcionários. A Fentect estima que pelo menos 70% da força operacional da empresa está paralisada. A assessoria dos Correios, por sua vez, calcula que apenas 8% dos funcionários aderiram à greve. Em São Paulo, 70% dos funcionários das áreas de distribuição, tratamento e transporte paralisaram as atividades. Os grevistas reivindicam reajuste salarial de 44% e um reajuste linear de R$ 300, redução da jornada de trabalho sem redução do salário e contratação de mais servidores por meio de concursos. Os Correios, contudo, propuseram um aumento de 9%, 4,5% do índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano e 4,5% do IPCA de 2010. E um aumento linear de R$ 100 ao piso salarial da categoria. A proposta prevê também o aumento de R$ 20 para R$ 23 por dia no auxílio alimentação, além da manutenção do adicional de periculosidade para as funcionárias grávidas que são transferidas para o serviço interno a partir do sexto mês de gestação. A proposta foi apresentada aos funcionários depois de uma reunião realizada entre a diretoria da empresa e os ministros das Comunicações, Hélio Costa e do Planejamento, Paulo Bernardo. Segundo o diretor de Recursos Humanos dos Correios, Pedro Magalhães, a proposta impactará a folha de pagamento da empresa em R$ 729 milhões ao ano. Na última terça-feira, os servidores dos Correios já rejeitaram um acordo que previa a reposição da inflação do período (4,5%) e aumento nos valores dos benefícios como vale-alimentação, vale-cesta e auxílio creche. Por meio de nota, a empresa afirmou que estudos técnicos realizados pela ECT mostraram que se as reivindicações fossem atendidas, apenas as cláusulas econômicas da pauta custariam aos Correios cerca de R$ 54 bilhões por ano, valor quase cinco vezes maior que toda a receita anual da empresa. Ainda segundo a nota, os carteiros tiveram no ano passado um aumento de 30% nos salários, além dos reajustes normais da categoria. A proposta não foi bem recebida pelos servidores. ? Mandamos nossa proposta no dia 3 de setembro ? explica Nivaldo Schimcker, da Comissão de Negociações da Fentec. ? Até o dia 14 não recebemos nenhum retorno positivo e avisamos que nossa data limite era dia 15. Precisamos de uma reposição salarial desde 1992. Do jeito que está não é possível. Um carteiro recebe hoje R$ 648 e ainda precisa fazer concurso de nível médio. Magalhães ressaltou que a greve ocorre em momento inoportuno, uma vez que decisão recente do Supremo Tribunal Federal decidiu favoravelmente à manutenção do monopólio estatal e, por isso, é preciso ?mostrar responsabilidade?. ? A nova proposta traz um avanço social para a categoria ? afirmou o diretor. ? Estamos avançando a cada ano. O acordo proposto concederá a pelo menos 100 mil funcionários um reajuste salarial de 15 a 25%. Acredito que a comissão votará pela aprovação da proposta. Serviços Com 109 mil empregados, sendo 57 mil carteiros, os Correios são responsáveis pelo transporte diário de 33,7 milhões de objetos. Desse total, 32,9 milhões são correspondências como cartas simples e registradas e 770 mil são encomendas que trafegam via sedex, sedex 10, pac e malote. Entre as correspondências, estima-se que as cartas de pessoas físicas correspondam a apenas 10% do total. O restante é correspondência comercial. A empresa conta hoje com 12.335 agências e cobre todos os municípios brasileiros. Com a paralisação, as pessoas precisam ficar atentas ao vencimento das contas porque as empresas que enviam cobranças por correspondência não são obrigadas a descontar juros e multas por atraso no pagamento das faturas. |