Autor(es): Marcelo Sakate e Luís Guilherme BarruchoVeja - 22/11/2010
Sem a contribuição da política fiscal - a contenção do avanço da gastança pública -, o controle da inflação recai todo nos ombros do Banco Central "que se vê na contingência de aumentar a taxa de juros, diz André Sacconato, economista da consultoria Tendências: "Adiar o enfrentamento da questão fiscal, que aliviaria a pressão sobre a demanda e permitiria a redução dos juros, afetará não só o crescimento imediato como o de médio e longo prazo, porque limitará o potencial de avanço do país". Entre 2002 e 2009, as despesas com pessoal e encargos subiram 120%, o dobro da inflação. Os sinais para 2011 não são promissores. A proposta do Orçamento prevê aumento de 9% nessas despesas, acima da inflação projetada, de 5,5%.
Segundo dados do economista político Alexandre Marinis, sócio da consultoria Mosaico, o governo gasta anualmente 87% de suas receitas com o aumento do funcionalismo e no custeio da máquina. É o resultado da contratação de mais de 200.000 novos servidores e da concessão de aumentos salariais generosos. Afirma Marinis: "Desde 2008, o governo relaxou excessivamente a política fiscal, tornando difícil a redução nas taxas de juros". O discutido reajuste do salário mínimo, que pode superar com folga a inflação deste ano devido à pressão de centrais sindicais e congressistas, restringiria ainda mais o já escasso investimento do governo em infraestrutura, outro obstáculo que emperra o potencial de crescimento. Cada real de aumento no mínimo representa um gasto adicional de 286 milhões de reais ao ano para o governo, por causa do reajuste de benefícios.