Governo negocia reajuste de até 31% para servidores
Direitos e Deveres

Governo negocia reajuste de até 31% para servidores




Autor(es): Lu Aiko Otta
O Estado de S. Paulo     -     24/08/2011



Na contramão das promessas feitas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de não autorizar novos gastos sobretudo de custeio, está em curso no governo uma negociação para conceder reajustes salariais a pelo menos 420 mil funcionários. Os reajustes podem chegar a 31%.

Os aumentos são para os funcionários do chamado "carreirão", que congrega os trabalhadores que atendem ao público nos vários órgãos de governo. A proposta é elevar o salário para profissionais de nível superior em fim de carreira a R$ 7 mil. No entanto, há negociações também com a elite do funcionalismo público, como Receita Federal e Polícia Federal.

"Tenho uma margem muito estreita", disse ao Estado o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva, sem revelar de quanto dispõe para negociar com o funcionalismo público.

"Alguns pedidos, não conseguiremos atender." A expectativa do secretário é concluir as conversas nesta semana. Todas as decisões quanto a aumentos salariais serão tomadas antes do dia 31 de agosto, prazo final para o envio ao Congresso Nacional da proposta do Orçamento de 2012.

Não é só o funcionalismo que vai pressionar os gastos no ano que vem.

O maior impacto deverá vir do salário mínimo, que terá um aumento de 13% no ano que vem, segundo informou o ministro Guido Mantega. Nas contas do economista Felipe Salto, da consultoria Tendências, serão pelo menos R$ 23 bilhões a mais.

Há novas despesas a caminho, segundo observou o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), durante reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) com Mantega. Ele mencionou, além do salário mínimo, o programa de combate à miséria recém-lançado pela presidente Dilma Rousseff e as desonerações, como as do plano Brasil Maior.

Defesa. Mantega defendeu o aumento do salário mínimo, afirmando que ele faz parte de um acordo fechado em 2007 com as centrais sindicais, pelo qual o piso é corrigido pela inflação do ano anterior e a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos atrás. Por essa regra, o salário mínimo não teve nenhum ganho acima da inflação este ano, mas crescerá fortemente em 2012. "Temos uma folga", disse o ministro. Ele observou, também, que os programas de transferência de renda têm o apoio de governadores, inclusive do paulista Geraldo Alckmin (PSDB).






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