Direitos e Deveres
Negociação não avança
Ana Carolina DinardoCorreio Braziliense - 19/08/2012
Funcionários de carreiras típicas de Estado consideram proposta salarial do governo insatisfatória. Analistas da CVM decidem parar
As sucessivas reuniões do governo com os representantes dos servidores não conseguiram, até agora, afastar a ameaça de ampliação do movimento grevista no funcionalismo público. Na quinta-feira à noite, antes mesmo de receber oficialmente do Executivo a proposta de reajuste salarial, os analistas e técnicos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiram paralisar as atividades por tempo indeterminado, a partir da próxima terça-feira.
Soubemos, pela imprensa, que o governo nos apresentaria uma proposta de aumento linear de 15,8%, parcelados em três anos, e a categoria optou pela greve, afirmou ontem o presidente do Sindicato Nacional dos Servidores da CVM (SindCVM), Leonardo Wainstok, depois de se reunir com o secretário de Relações de Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, ao lado de representantes de outras carreiras típicas de Estado.
Para ele, o percentual sugerido pelo governo não abate as perdas inflacionárias, que, pelos cálculos do sindicato, chegam a 23%. A mesma avaliação tiveram lideranças das demais categorias recebidas pelo secretário: delegados, peritos, agentes e papiloscopistas da Polícia Federal; auditores fiscais do Trabalho e da Receita Federal; analistas do Banco Central; policiais rodoviários federais; analistas e técnicos da Superintendência de Seguros Privados (Susep); oficiais da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); e técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Mendonça também se reuniu com dirigentes da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que representa 80% do funcionalismo.
Na opinião do presidente da Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento (Assecor), Eduardo Rodrigues, além de não atender aos pleitos da categoria, a proposta do governo interrompe as negociações salariais pelos próximos três anos. Outras reivindicações, como a reestruturação das carreiras e a atualização de benefícios, não entraram em discussão. Estamos decepcionados com a falta de compromisso do governo, disse Rodrigues.
A proposta será avaliada por assembleias sindicais ao longo da próxima semana. O governo enfatizou que não há limite orçamentário para ir além do que já colocou na mesa. Não temos margem financeira para aumentar a oferta aos trabalhadores, destacou Sérgio Mendonça.
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