Valor Econômico - 11/05/2010 |
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou ontem aos ministros convocados para uma reunião no início da noite que não haverá reajustes salariais para os servidores neste ano e que os dias parados serão descontados do salário dos grevistas. O governo também vai manter a estratégia de arguir a ilegalidade das greves - o que já fez, com êxito, no caso da paralisação do Ibama. "Não vamos colocar em risco a nossa responsabilidade fiscal ou ameaçar a estabilidade do próximo governo", disse o ministro doPlanejamento, Paulo Bernardo, repetindo as palavras do presidente Lula. Lula também alertou os 15 ministros de que não cabe aos integrantes do governo "agir como sindicalistas". Reclamou que havia ministros, dirigentes de autarquias e estatais que estavam defendendo a reivindicação dos grevistas mesmo sabendo que não há dinheiro em caixa para novos reajustes. "Deixem para o sindicato fazer esse papel", disse o presidente. Paulo Bernardo não soube dizer qual é o número de servidores públicos em greve. Ele afirmou que "meia dúzia de órgãos" estão parados. Segundo ele, o governo mantém os aumentos previstos para julho deste ano e que foram aprovados em projeto de lei de 2008. "É um compromisso que firmamos e vamos cumprir. Mas não temos condições de conceder outros reajustes". Bernardo admitiu que o governo poderá apresentar outras reestruturações de cargos e remunerações, mas nada que signifique aumento de salários. Ele considera natural a movimentação salarial dos servidores nesse momento, já que a legislação eleitoral impede a concessão de reajustes após julho, por causa das eleições. "O que não dá é alguns ministros e assessores, pelo clima eleitoral, prometerem coisas que não podemos cumprir". Bernardo deu como exemplo a disposição de o governo de vetar o reajuste de 7,7% dos aposentados. "Vamos trabalhar para que seja mantido o acordo de 6,14% fechado com as centrais sindicais. Se isso não acontecer, vamos ver o que fazer, provavelmente será vetado". A medida provisória encaminhada pelo governo ao Congresso previa um reajuste de 6,14% para os aposentados que recebem acima de um salário mínimo. A equipe econômica aceitou aumentar esse percentual para 7%, mas os deputados aprovaram um reajuste de 7,7%. |