Ricardo Albuquerque
O Dia - 21/12/2010
Rio - A Polícia Federal está à caça de uma quadrilha que desviou R$ 3 milhões descontados dos salários e benefícios de servidores públicos federais ativos e aposentados para custear o plano de saúde. Os recursos já foram devolvidos ao plano ? a Geap (Grupo Executivo de Assistência Patronal) ? com correção monetária, mas a PF ainda procura os fraudadores. Um homem que lideraria o grupo foi filmado sacando R$ 700 mil do esquema para comprar um terreno. Imagens dele foram divulgadas ontem pela PF de Nova Iguaçu.
O suspeito foi flagrado na agência do Banco do Brasil da Rua Paulo Barbosa, Centro de Petrópolis, na Região Serrana no Rio. Ele se apresentou como Antonio Carlos Conquista, então diretor-executivo da Geap, fez o saque e depositou os R$ 700 mil em conta paralela aberta por falsários dias antes do golpe.
Em julho, agentes da PF recuperaram R$ 300 mil em dinheiro com uma das pessoas beneficiárias da fraude.
AÇÃO EM PETRÓPOLIS
?O rombo é grande porque os falsários fizeram vários depósitos para diversas contas de terceiros?, explicou Alexandre Saraiva, delegado da PF de Nova Iguaçu. Os R$ 2,3 milhões restantes foram distribuídos via transferência eletrônica (TED). Em novembro, o Banco do Brasil depositou os R$ 3 milhões na conta da Geap para cobrir o rombo.
O golpe começou com a abertura por falsários de uma conta paralela na mesma agência do Banco do Brasil, em Petrópolis, onde o plano movimenta parte de seus recursos. A nova conta recebeu R$ 3 milhões em repasses de patrocinadoras que foram avisadas por meio de ofícios timbrados, com a assinatura de Antonio Carlos Conquista, endereçados aos órgãos públicos que contratam planos de saúde.
O dinheiro abasteceu contas, também do BB, no interior de Minas. ?Os comunicados pediam a troca da conta bancária, determinando que as contribuições fossem depositadas na suposta nova conta. Documentos frios foram usados para justificar a mudança perante a instituição financeira. Dados pessoais de gestores e informações sigilosas, também?, explicou o delegado.
A fraude motivou revisão geral do modelo de gerenciamento dos recursos da Geap, e o diretor-executivo se afastou do cargo. A Geap confirmou que a assinatura de Conquista foi adulterada.
Educação e Previdência
Pelo menos três órgãos teriam depositado, juntos, os R$ 3 milhões para a quadrilha, sem questionar a cobrança falsa e acreditando que o dinheiro iria para a Geap. A PF não divulgou informações sobre o inquérito, mas a suspeita é que tais órgãos seriam os ministérios da Educação, da Previdência e do Trabalho.
Representantes da Geap chegaram a registrar ocorrência sobre os desvios na 105ª DP (Petrópolis). Os policiais concluíram que houve envolvimento de funcionários da agência do BB na cidade. A investigação resultou na prisão de dois funcionários da agência bancária.