Blog do João Bosco Rabello - 17/12/2010
Discretamente e a poucos dias do fim da legislatura, o Senado aprovou um projeto de resolução na noite de quarta-feira criando um ?trem da alegria? para sete privilegiados servidores comissionados que entraram sem concurso na Casa.
Com a medida, o grupo ingressa automaticamente no quadro de pessoal da Casa, com todos os direitos, inclusive a contagem do tempo de serviço para aposentadoria.
A iniciativa deveria favorecer 26 funcionários que recorreram por não terem sido beneficiados pela lei que garantiu a estabilidade funcional para os que já estavam no Senado, por pelo menos cinco anos, quando da
promulgação da Constituição, em 1988.
A resolução, no entanto, só alcançou sete dos servidores. Em comum, os integrantes do grupo possuem padrinhos poderosos, como os senadores Mauro Fecury (PMDB-MA), Fernando Collor (PTB-AL), Valdir Raupp
(PMDB-RO), Gerson Camata (PMDB-ES), Delcídio Amaral (PT-ES), Patrícia Saboia (PDT-CE) e de líderes do DEM.
A repórter Rosa Costa, do Estadão apurou que os senadores pediram ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que premiasse os assessores.
Sarney, então, encomendou um parecer ao Tribunal de Contas da União (TCU). O ministro Raimundo Carreiro, ex-servidor do Senado e indicado para o tribunal pelo PMDB, manifestou-se favoravelmente ao trem da alegria.
Com o parecer na mão, Sarney levou o caso à Mesa Diretora. A intenção era obter uma chancela geral, mas os integrantes da direção recusaram apadrinhar a lista.
O impasse só acabou quando Sarney entregou o caso, pessoalmente, ao senador Gerson Camata (PMDB-ES), que aceitou tornar-se ?maquinista? do trem, relatando a favor da concessão do benefício.