DA POSSIBILIDADE DE ADOÇÃO PELOS AVÓS. Neto ganha o direito de ser adotado pelos avós.
Direitos e Deveres

DA POSSIBILIDADE DE ADOÇÃO PELOS AVÓS. Neto ganha o direito de ser adotado pelos avós.


A rigor, não é possível aos avós adotarem seus netos. Isso porque o § 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) proíbe a adoção entre ascendentes e irmãos do adotando, com o fundamento de se evitar confusões emocionais e patrimoniais.
Entretanto, em situações excepcionais, a Justiça (leia-se: STJ) já reconheceu o direito de... (clique em "mais informações" para ler mais)
adoção dos avós, como é o caso da adoção de adolescente grávida, em que o filho jamais teve contato com a mãe nessa qualidade, mas como irmã. Nesse caso, estaria sedimentado o caráter da filiação sócioafetiva e o Direito amoldado aos fatos, pois tanto a genitora (a adolescente) como seu filho foram filhos do adotando, jamais filha e neto.

Na última segunda-feira, (03), a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve decisão que permitiu a adoção de neto por seus avós, por reconhecer a filiação socioafetiva entre o menino e o casal. O colegiado concluiu que os avós sempre exerceram e ainda exercem a função de pais do menor, concebido por uma mãe de oito anos de idade que também foi adotada por eles.
No caso, o casal adotou a mãe do menino quando ela tinha apenas oito anos e estava grávida, vítima de abuso sexual. Tanto a menina quanto seu bebê passaram a ser cuidados como filhos pelo casal, que mais tarde pediu a adoção formal também do menino, hoje com 16 anos de idade.
A sentença deferiu o pedido de adoção. O Ministério Público de Santa Catarina apelou, sustentando que o menor já residia com sua mãe biológica e com os avós adotivos, razão pela qual a situação fática não seria alterada pela adoção. Alegou também que a adoção iria contrariar a ordem familiar, porque o menino passaria a ser filho de seus avós, e não mais neto.

O Tribunal de Justiça, entretanto, manteve a sentença, levando em conta as peculiaridades do caso e o princípio constitucional da dignidade humana, com vistas à satisfação do melhor interesse do menor.Segundo o tribunal, a mãe biológica concordou com a adoção no depoimento prestado em juízo. Além disso, o estudo social foi favorável à adoção ao reconhecer a existência de relação parental afetiva entre as partes.

No STJ, o Ministério Público argumentou com a impossibilidade jurídica da adoção pelos avós do filho da filha adotiva e defendeu a extinção do processo sem resolução de mérito. De acordo com o MP, a adoção de pessoas com vínculo de ascendência e descendência geraria confusão patrimonial e emocional, em prejuízo do menor.
Ascendência - O artigo 42 do Estatuto da Criança e do Adolescente proíbe a adoção por ascendentes, mas de acordo com o ministro Mura Ribeiro, relator do recurso, este caso não se trata de simples adoção de descendente por ascendente. Ele afirmou que o menino não foi tratado pelos avós como neto e, além disso, não houve um dia sequer de relação filial entre a mãe biológica e o menor, que sempre se trataram como irmãos.
Em seu voto, o ministro Moura Ribeiro concluiu que a decisão do tribunal estadual deve ser mantida. Segundo ele, não é o caso de simplesmente aplicar o artigo 42 do ECA, uma vez que esse dispositivo se destina a situações diferentes daquela vivenciada pela família.

O ministro afirmou que é inadmissível que a autoridade judiciária se limite a invocar o princípio do superior interesse da criança para depois aplicar medida que não observe sua dignidade.

Ele ressaltou que o caso é de filiação socioafetiva, e que em momento algum pôde essa mãe criança criar laços afetivos maternais com seu filho, porquanto nem sequer deixou de ser criança à época do parto. ?A proclamada confusão genealógica suscitada pelo MP aqui não existe?, disse.

Para a presidente da Comissão de Adoção do IBDFAM, Silvana do Monte Moreira, a decisão trouxe para o mundo do Direito a relação existente no mundo dos fatos: ambos, genitora e seu filho, sempre foram filhos dos adotantes e jamais filha e neto.?O princípio da dignidade da pessoa humana foi absolutamente respeitado ao reconhecer as relações parentais e fraternas existentes no campo socioafetivo. O dispositivo que veta a adoção por ascendente, nesse caso, jamais poderia ser absoluto e sim adaptado para o caso concreto como, magistralmente, o foi?, afirmou.
Silvana considerou, ainda, que a Justiça deve acompanhar a sociedade e suas modificações. ?O ser social não é estanque; pelo contrário, é absolutamente mutável. Os princípios basilares insculpidos na Constituição Federal são norteadores dos novos direitos e caminha no reconhecimento das novas configurações familiares?, refletiu.
Fonte: IBDFAM com STJ
Ficarei agradecida se fizer uma visita aos blogs. Terei prazer em recebê-lo. http://gramaticaequestoesvernaculas.blogspot.com/
http://mg-perez.blogspot.com.br/
http://producaojuridica.blogspot.com/
e outros mais, em https://plus.google.com/100044718118725455450/about
Esteja à vontade para perguntar, comentar ou criticar.

Maria da Glória Perez Delgado Sanches






loading...

- Stj - Menor Fica Sob Guarda Provisória De Pais Adotivos Que Não Passaram Pela Lista De Adoção - Stj
23/12/2013 - 09h14 DECISÃO Menor fica sob guarda provisória de pais adotivos que não passaram pela lista de adoção Pais adotivos que não passaram pelo processo legal de adoção foram autorizados a ficar com a guarda de...

- Stj - É Possível Adoção Póstuma, Mesmo Quando Não Iniciado O Processo Em Vida - Stj
24/09/2013 - 09h57 DECISÃO É possível adoção póstuma, mesmo quando não iniciado o processo em vida A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que é possível a adoção póstuma, mesmo que o processo...

- Stj - Legitimidade Da Ação Negatória De Paternidade Compete Ao Pai Registral E Não Comporta Sub-rogação Dos Supostos Avós - Stj
12/06/2013 - 09h45 DECISÃO Legitimidade da ação negatória de paternidade compete ao pai registral e não comporta sub-rogação dos supostos avós A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou recurso...

- Parentesco Natural, Por Afinidade, Civil E Socioafetivo: Conceitos E DiferenÇas
Parentesco, na lição de Maria Helena Diniz, é a ?relação jurídica vinculatória existente entre pessoas que descendem umas das outras ou de um mesmo tronco comum e entre um cônjuge e os parentes do outro e entre adotante e adotado?.Independentemente...

- Depois Da Paternidade Socioafetiva, Surge A Paternidade Documental.
Anulação de paternidade reconhecida exige prova do vício de consentimento (STJ) acesse a notícia completa A anulação de registro de nascimento, por meio de ação negatória de paternidade, só é possível quando há prova clara e incontestável...



Direitos e Deveres








.