Direitos e Deveres
Planalto abre negociações salariais com servidores
Fernando Exman
Valor Econômico - 04/07/2012
O Palácio do Planalto abriu ontem negociações com os servidores que demandam reajustes salariais e ameaçam o governo com greves ou a paralisação de suas atividades. Representantes dos funcionários públicos foram recebidos pelo ministro Gilberto Carvalho, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Eles ouviram a sinalização de que o governo está aberto a manter o diálogo com o funcionalismo, mas que eventuais reajustes só devem ser incluídos na proposta do Orçamento de 2013.
Conforme revelou ontem o Valor, se o governo atender a todas as reivindicações de aumento de salários apresentadas pelos servidores civis e militares, a despesa anual da União com o pagamento de pessoal será acrescida em R$ 92,2 bilhões. O cálculo foi feito pelo Ministério do Planejamento. Do total, R$ 60 bilhões referem-se aos pedidos dos servidores civis do Executivo. Já os aumentos solicitados por militares e funcionários do Judiciário, Legislativo e do Ministério Público da União (MPU) totalizariam R$ 32,2 bilhões.
Além de sindicalistas do setor público, Gilberto Carvalho recebeu em seu gabinete representantes dos ministérios da Saúde, Justiça e Transportes, do Hospital das Forças Armadas (HFA), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O ministro é responsável por fazer a ponte entre o Palácio do Planalto e os movimentos sociais, e os sindicalistas têm reclamado da falta de interlocução com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Autoridades do Palácio do Planalto dizem que a presidente Dilma Rousseff já decidiu acolher algumas demandas dos servidores públicos. No entanto, acrescentam, as concessões devem atender os casos considerados mais críticos. Os aumentos não devem contemplar as carreiras que têm os melhores salários e os ocupantes de cargos de confiança na máquina pública federal.
Dilma tem dito que o país não deve arriscar-se numa "aventura fiscal" devido às incertezas geradas pela crise financeira global. Por outro lado, dois dos setores que devem receber atenção do Palácio do Planalto são educação e saúde, áreas que não tiveram boa avaliação nas mais recentes pesquisas de avaliação do desempenho do governo.
Sindicatos dos servidores afirmam que estão em greve funcionários de 13 órgãos públicos, como Funasa, Incra, Funai, professores e técnicos de universidades. Além disso, estão fazendo "operação padrão" cerca de 15 categorias de servidores, entre auditores da Receita Federal, delegados da Polícia Federal e funcionários da Advocacia-Geral da União (AGU).
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