BRASÍLIA. Com quase uma dezena de categorias do serviço público em greve, o governo federal espera que seja confirmada hoje, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), a ilegalidade da paralisação dos servidores do Ibama. Os servidores do Ibama estão desde ontem fechando os parques nacionais para visitação pública. Se o STJ confirmar a liminar pela ilegalidade, ao analisar recurso da Condsef (confederação dos trabalhadores no serviço público), o governo poderá começar a cortar o ponto dos grevistas, como ameaçou na terça-feirao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
A decisão poderá criar jurisprudência para todos os grevistas.
Se favorável ao governo, a decisão do STJ pode enfraquecer todo o movimento grevista.
Caso contrário, estimulará outras categorias a aderir ao movimento.
Está prometida para começar hoje a greve dos servidores do Judiciário, que reivindicam reajuste de 56%.
Ontem, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, teve audiência com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), integrantes da Mesa e líderes partidários, e a expectativa era que ele pedisse a aprovação do projeto. Segundo líderes que participaram do encontro, Peluso manifestou apreço pelo Legislativo e pregou harmonia entre poderes. Mas a simples presença de Peluso na Casa é uma forma de pressionar pela aprovação do projeto.
Ele ressaltou que se tratava de uma visita de cortesia e pregou harmonia entre o Judiciário e o Legislativo. Não se falou em aumento. O presidente Peluso teve a delicadeza de não tocar nisso disse Temer, que evitou dar opinião sobre o reajuste para o Judiciário.
Se depender do governo e dos governistas, não há clima para aprovar novos aumentos de salário este ano. Antes da reunião com Peluso, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), voltou a dizer que é contra o reajuste.
Reajuste de 56% em inflação de 4% é realmente muito.
Ninguém vai dar reajuste de 56%. Os deputados não podem permitir que o período eleitoral os influencie. Não vamos embarcar nessa disse Vaccarezza.
Sei que não pega bem falar contra aumento em ano de eleição.
Vou me posicionar contra qualquer proposta irresponsável.
O reajuste não tem que vir na base do afogadilho.
Quase uma dezena de categorias do serviço público federal cruzou os braços depois que o governo anunciou que não negociará novos aumentos em 2010. Estão em greve, além de funcionários do Ibama, servidores de setores dos ministérios da Educação e Ciência e Tecnologia, e do Ministério do Trabalho.